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22/03/2024 18:03

Atletas de alto rendimento da paranatação mudam vida e vivem do esporte com rotinas de treinos e competições no estado

“Antes da lesão, eu jogava bola. Depois, eu não conseguia me enxergar praticando nenhum esporte. Fiquei em casa preso no quarto, sem querer fazer nada e não me sentindo apto. Foi através do alto rendimento na natação que me reencontrei”, comenta Ricardo Pires, 21. Ele é um dos atletas do paradesporto que tiveram a vida mudada com o esporte de alto rendimento nas rotinas de competições e treinamentos, como os realizados durante esta semana na Piscina Olímpica da Bahia, na Av. Bonocô.

Ricardo iniciou sua carreira há três anos após dar entrada para fazer fisioterapia e, na triagem, ser selecionado e apresentado ao esporte de alto rendimento. Com a estrutura física adaptada para o público PCD e todo suporte de fisioterapia, preparação física, remuneração e carteira assinada como atleta profissional, foi uma nova experiência.

“Eu aproveitei a oportunidade. É maravilhoso porque meu sonho sempre foi viver do alto rendimento. Mas, mesmo com o decorrer dos acontecimentos, hoje, vivo da natação num sonho. As expectativas são as melhores possíveis com os treinamentos. Venho chegando ao máximo em cada treino e os resultados estão aparecendo. Minha meta é ser campeão brasileiro dos 100m peito”, comenta o nadador dos estilos livre e peito.

Treinamentos – Onze outros atletas PCDs da paranatação, assistidos pela Fundação José Silveira, unidade de Jequié, estiveram em treino intensivo no equipamento da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), autarquia da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), durante esta semana.

A treinadora do Núcleo de Alto Rendimento da Fundação José Silveira, Verônica Almeida, celebra esta possibilidade para seus atletas entre 16 e 45 anos, com diversos objetivos e sonhos na carreira, além de poder conhecer outras localidades e culturas. Com uma rotina de sete treinos de segunda a sábado, o principal objetivo é classificar o maior número de atletas para o Brasileiro Absoluto em classes.

“É uma realidade nunca vivida por eles. A proposta maior do projeto sempre foi a inclusão, mas foi ganhando força com minha experiência por ser uma atleta profissional em poder visualizar quem tem perfil para virar atleta de alto rendimento. Então, eles são encaminhados para aprender a nadar e, depois, para os treinamentos específicos”, aponta Verônica.

Nadadores – Um dos talentos é Bárbara Brito, 16 anos, que vem se destacando nas competições estaduais, nacionais e internacionais desde 2021. “Essa rotina é muito louca e puxada, inclusive no último ano do Ensino Médio. É muito desafiador e gratificante viver tudo isso com novidades diariamente. O cansaço físico e mental é muito grande. Mas, quando chegamos na competição do outro lado da piscina e vemos que todo esforço valeu a pena, é uma sensação ótima. A natação mudou a minha vida”, comenta.

Alguns outros atletas já puderam também colher os frutos, como Alan Gomes, de 34 anos, no projeto há três anos. “Eu queria um esporte que encaixasse comigo e com minha deficiência. Eu já comecei ganhando medalhas e tive boas conquistas, como o vice-campeonato e mais três medalhas nos Campeonatos Brasileiros Universitários, além de várias medalhas de ouro, prata e bronze nos meetings norte-nordeste”, celebra Alan.

Melhores índices – Diante deste cenário de crescimento do paradesporto no país, segundo Verônica, existe um maior acompanhamento e fomento às competições paralímpicas, inclusive com o apoio da Sudesb. O Meeting Paralímpico, pela primeira vez na Bahia e que aconteceu no último sábado, 16, possibilitou que os atletas pudessem disputar uma competição relevante para o calendário da modalidade e com a chancela do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

“Dos nossos 12 atletas, sete estão com índice para disputar o nacional. É um número impressionante para o pouco tempo. Destes, apenas três já competiram e quatro vão estrear. Mas, todos melhoraram seus tempos" informou a técnica.

Calejada em competições, Bárbara ficou satisfeita com sua participação em casa. “Meu resultado em relação ao tempo mais expressivo foi no último sábado, 16, nos 50m livre. Com mais de um ano e um mês tentando e batendo na trave, consegui nadar abaixo de 32s em piscina longa. Foi incrível ser em nosso estado e nessa piscina que treinamos. Se fosse em qualquer outro lugar, não seria essa felicidade.”

Já Marcos Paulo Gildes, de 24 anos, também teve seu melhor resultado e classificação para o brasileiro absoluto com apenas três meses de treinamento. “Foi muito bom ficar entre os dez melhores índices do Brasil na minha categoria na minha primeira competição oficial. É uma experiência surreal, mas nada mais do que o esperado com o trabalho, a dedicação e o esforço”, comemora.

Apoio ao paradesporto – Verônica finaliza agradecendo as mobilizações feitas pela Sudesb com demais parceiros, como a Federação Baiana de Desportos de Participação (FBDP) e o Centro de Referência Paralímpico da Bahia para o Meeting Paralímpico acontecer, além da logística dos treinamentos na Piscina Olímpica com avaliações, testes e palestras de fisioterapia e nutrição. O coordenador do Núcleo de Paradesporto da Sudesb, Adelmare Junior, destaca a importância das ações para os atletas do paradesporto de alto rendimento.

“É muito importante a presença destes atletas em uma piscina olímpica para que possam participar dos eventos nacionais e melhorar as suas marcas, seus rankings, inclusive para os programas de incentivo e auxílios. A Sudesb tem apoiado nas diferentes políticas públicas para o desenvolvimento dos atletas do paradesporto  da iniciação esportiva até o alto rendimento como na realização dos grandes eventos. O Meeting foi importantíssimo para diminuir as dificuldades de logística para um evento de peso que o Estado da Bahia conseguiu trazer e aumentar sua vitrine”, explica Junior. 

Resultados do Meeting – Ao todo, a delegação de Jequié da Fundação José Silveira conquistou 30 medalhas no Meeting, com 20 de ouro, nove de prata e uma de bronze, divididos por onze atletas. No tiro com arco, os baianos também conquistaram medalhas nas categorias: recuervo olímpico 18m (um ouro e uma prata); barebow W2 10m (um ouro, uma prata e um bronze); e barebow iniciantes 10m (um ouro e uma prata). Já no atletismo, foram 28 medalhas de ouro, três de prata e uma de bronze conquistadas pelos baianos.

Ascom Sudesb
Maurício Viana
22.03.2024

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